Está tudo perdido
Coisas que oiço, coisas que vejo mas não acredito... Ideias e comentários para estatudoperdido@gmail.comdomingo, outubro 03, 2004
O Carnaval
O Carnaval em Portugal não existe. É sempre aquela música do Charlie Brown, dos abusadores e da cachaça, que nunca ninguém sabe se é agua ou não.
Escolhe-se sempre uma família real para encabeçar as hostes, que não se sabe muito bem se são actores de novela, futebolistas do Flamengo ou actores de filmes pornográficos. “É brasileiro não é? Isso é que interessa. Não queremos é cá espanhóis”. É ver esses reis e rainhas a desfilar em clima adverso sem conseguirem esconder o dente a bater, a pele de galinha, tal é o frio e o vento. E não páram de rir por isso mesmo, porque têm a boca congelada.
Depois são os palcos da folia. Há sempre paródia e desfiles em localidades como Ovar ou Mealhada. Muito gosto eu de ouvir sua “Alteza real” a dizer frases como ”Vamos em Mealhada tirar o pé do chão...” Ainda se fossem levantar o leitão do prato...
Outro grande problema do Carnaval é o inexplicável facto do próprio, apesar de ser enterrado ano após ano, ressuscitar sempre, e ainda por cima nunca no mesmo dia. Se houvesse uma data definida eu arranjava uma malta para lhe fazer uma espera junto à tumba. Íamos mascarados de enfermeiros e de canalizadores e cheios de alegria cantávamos: “Hey... meu amigo Charlie...” Zás! Garrafa de gasosa pela cabeça a abaixo do entrudo folião.
E quem foi o anormal que inventou os estalinhos?
“Caro Senhores, temos aqui um pedaço de pólvora e areia embrulhada em papel que depois de pisada faz barulho.”
“Mas engenheiro e a cura para a doença de Alzheimer?”
“Esqueçam. Isto faz mais barulho.”
Mas boas mesmo são as transmissões televisivas. Aquilo corre tão mal e está tão pouca gente, que os jornalistas são obrigados a levar a família.
“Então minha senhora, está a gostar?”
“Ai meu rico filho, isto é uma alegria. A Junta este ano está de parabéns”. Depois afastam-se e dançam como se estivessem a pôr a roupa no estendal.
“E o senhor.. sim o senhor. Então a festa que tal?”
“Oh, uma maravilha. É a melhor coisa do mundo. Estou muito feliz.”
Oh, uma maravilha. É a melhor coisa do mundo. Estou muito feliz. E é este o momento alto da vida deste homem, ver brasileiros a dançar em carros alegóricos com a imagem do Primeiro-Ministro em esferovite. É esta a mensagem que ele quer deixar ao mundo. Depois disto não há mais nada. Perdão, há a quarta-feira de cinzas.
Mas Carnaval não seria Carnaval se não existisse um grupo de foliões vestidos de mulher. Eis que chega finalmente a oportunidade de se vestirem de mulher na rua. São três dias de folia, nylon e rendas. É um sonho tornado realidade pois só se podem vestir de mulher em três ocasiões. No Carnaval, quando a esposa vai a praça (é vê-los a correr para o roupeiro) e quando dizem que vão à caça (o alibi perfeito para vestir roupa interior feminina).
E se no meio dos caçadores há algum elemento que não é do grupo da cinta e do espartilho, azar... É pra isso que vai a Flobert.
Depois há as crianças e as crianças são o melhor do mundo. Há os piratas de espadas de plástico, o Super Homem que anda na rua de botas encebadas e óculos, o miúdo que o pai se esqueceu de comprar a vestimenta e tem de ir vestido de espanhola, os Zorros que parecem o Pancho Villa de tão gordos...
E é isto o Carnaval. Felizmente é só uma vez por ano.
O Carnaval em Portugal não existe. É sempre aquela música do Charlie Brown, dos abusadores e da cachaça, que nunca ninguém sabe se é agua ou não.
Escolhe-se sempre uma família real para encabeçar as hostes, que não se sabe muito bem se são actores de novela, futebolistas do Flamengo ou actores de filmes pornográficos. “É brasileiro não é? Isso é que interessa. Não queremos é cá espanhóis”. É ver esses reis e rainhas a desfilar em clima adverso sem conseguirem esconder o dente a bater, a pele de galinha, tal é o frio e o vento. E não páram de rir por isso mesmo, porque têm a boca congelada.
Depois são os palcos da folia. Há sempre paródia e desfiles em localidades como Ovar ou Mealhada. Muito gosto eu de ouvir sua “Alteza real” a dizer frases como ”Vamos em Mealhada tirar o pé do chão...” Ainda se fossem levantar o leitão do prato...
Outro grande problema do Carnaval é o inexplicável facto do próprio, apesar de ser enterrado ano após ano, ressuscitar sempre, e ainda por cima nunca no mesmo dia. Se houvesse uma data definida eu arranjava uma malta para lhe fazer uma espera junto à tumba. Íamos mascarados de enfermeiros e de canalizadores e cheios de alegria cantávamos: “Hey... meu amigo Charlie...” Zás! Garrafa de gasosa pela cabeça a abaixo do entrudo folião.
E quem foi o anormal que inventou os estalinhos?
“Caro Senhores, temos aqui um pedaço de pólvora e areia embrulhada em papel que depois de pisada faz barulho.”
“Mas engenheiro e a cura para a doença de Alzheimer?”
“Esqueçam. Isto faz mais barulho.”
Mas boas mesmo são as transmissões televisivas. Aquilo corre tão mal e está tão pouca gente, que os jornalistas são obrigados a levar a família.
“Então minha senhora, está a gostar?”
“Ai meu rico filho, isto é uma alegria. A Junta este ano está de parabéns”. Depois afastam-se e dançam como se estivessem a pôr a roupa no estendal.
“E o senhor.. sim o senhor. Então a festa que tal?”
“Oh, uma maravilha. É a melhor coisa do mundo. Estou muito feliz.”
Oh, uma maravilha. É a melhor coisa do mundo. Estou muito feliz. E é este o momento alto da vida deste homem, ver brasileiros a dançar em carros alegóricos com a imagem do Primeiro-Ministro em esferovite. É esta a mensagem que ele quer deixar ao mundo. Depois disto não há mais nada. Perdão, há a quarta-feira de cinzas.
Mas Carnaval não seria Carnaval se não existisse um grupo de foliões vestidos de mulher. Eis que chega finalmente a oportunidade de se vestirem de mulher na rua. São três dias de folia, nylon e rendas. É um sonho tornado realidade pois só se podem vestir de mulher em três ocasiões. No Carnaval, quando a esposa vai a praça (é vê-los a correr para o roupeiro) e quando dizem que vão à caça (o alibi perfeito para vestir roupa interior feminina).
E se no meio dos caçadores há algum elemento que não é do grupo da cinta e do espartilho, azar... É pra isso que vai a Flobert.
Depois há as crianças e as crianças são o melhor do mundo. Há os piratas de espadas de plástico, o Super Homem que anda na rua de botas encebadas e óculos, o miúdo que o pai se esqueceu de comprar a vestimenta e tem de ir vestido de espanhola, os Zorros que parecem o Pancho Villa de tão gordos...
E é isto o Carnaval. Felizmente é só uma vez por ano.
Arquivos
03/01/2004 - 04/01/2004 04/01/2004 - 05/01/2004 05/01/2004 - 06/01/2004 06/01/2004 - 07/01/2004 07/01/2004 - 08/01/2004 10/01/2004 - 11/01/2004 12/01/2004 - 01/01/2005 02/01/2005 - 03/01/2005 03/01/2005 - 04/01/2005 07/01/2005 - 08/01/2005 08/01/2005 - 09/01/2005 09/01/2005 - 10/01/2005 12/01/2005 - 01/01/2006 01/01/2006 - 02/01/2006 05/01/2006 - 06/01/2006 07/01/2006 - 08/01/2006 08/01/2006 - 09/01/2006 09/01/2006 - 10/01/2006 12/01/2006 - 01/01/2007 01/01/2007 - 02/01/2007 01/01/2008 - 02/01/2008 05/01/2008 - 06/01/2008 12/01/2008 - 01/01/2009
Subscrever Mensagens [Atom]