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Fanfarras
Nos últimos tempos tenho andado preocupado com a crescente importância das fanfarras militares no equilibro das potências regionais do vale do Tâmega.
Dois amigos, que entretanto já puseram termo à vida, afiançaram-me que entrar numa fanfarra é uma vitória de Pirro, depois de se ter falhado o ingresso nas Tunas.
As que mais me preocupam são as dos Bombeiros e as do Exército. No caso dos bombeiros gostaria de saber quantos são aqueles que vão para a corporação apenas com o objectivo de tocar clarinete? E qual é a percentagem de jovens soldados da paz que preferem tocar bombo a salvar gatos das árvores? E porque raio um jovem mancebo entra para a fanfarra do Exército quando sabe à partida que tem de andar a desfilar com o instrumento e que está condicionado a tocar marchas que não podem ter sido compostas depois de Setembro de 1959?
Sei de fonte segura que os pobre diabos que andam a apagar fogos e a transportar idosos incontinentes são antigos membros de fanfarras que numa tarde de loucura ousaram tocar três acordes da Garota de Ipanema. Nem o facto de terem dito que essa música lhes ardia a alma os salvou.
No nível mais baixo das castas do mundo das fanfarras do Exército está o maestro. Ao contrário do que se pensa o maestro apenas têm competência para segurar num pauzinho e abanar os braços. Está inibido de emitir qualquer som.
Mas as fanfarras escondem um mal ainda maior, os ‘tattoos’ militares que durante anos serviram apenas para dar trabalho a Luís Pereira de Sousa, também ele, sabe-se agora, antigo membro da fanfarra da Comissão de Trabalhadores da RTP.
Mas na defesa da pátria para que servem as fanfarras? Servem apenas para enviar para os Balcãs. Ao menos lá ainda se toca esse tipo de música. Aparentemente a morte do arquiduque Francisco Ferdinando foi causada por um mau ensaio-geral. E a guerra no Vietname foi devida ao roubo de uma Dan tam thap luc (Cítara de 36 cordas) que um soldado vietcong pretendia introduzir numa fanfarra.